segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Discalculia


O conhecimento matemático torna-se cada vez mais importante para os indivíduos, no sentido de poder envolver um maior número de possibilidades profissionais.
Neste sentido, para se prepararem para a mobilidade, os alunos devem desenvolver uma profunda compreensão dos conceitos e princípios matemáticos, têm de raciocinar claramente e de modo eficaz e devem ainda reconhecer aplicações matemáticas, no mundo que os rodeia. Os alunos irão recorrer a necessidades básicas que lhes permitam aplicar os seus conhecimentos a novas situações e controlar a própria aprendizagem, ao longo da vida. Assim, a resolução crítica de problemas e a comunicação eficiente assumem cada vez mais importância.
Contudo, estas aquisições não estão, do mesmo modo, ao alcance de todos. Há crianças que não atingem formas abstratas de compreensão e/ou não têm
possibilidades de aceder às principais problemáticas curriculares, nesta área. Fazem parte deste grande grupo as crianças com Discalculia que “não conseguem compreender os princípios e processos matemáticos” (Johnson e Myklebust, 1991, cit. in Cruz, 1999, p. 209).
Antes de entrarem para o primeiro ciclo, as crianças vivem muitas experiências que envolvem o conceito intuitivo e as relações numéricas. É com base nestas experiências que a criança vai construindo o seu sentido de número. “ A experiência provocando a formação de estímulos mentais, vai implicar a planificação e a expressão de ideias muito antes de atingir a noção de número (…) a partir de manipulações práticas.” (Fonseca, 1984, p. 54)
Fonseca (1984, p. 254) a este propósito afirma que “a matemática envolve, portanto, estruturas e relações que devem emergir de experiências concretas. As tarefas da aprendizagem da matemática envolvem inúmeras componentes que têm a sua raiz na hierarquia da experiência e nos estádios de desenvolvimento psicomotor e do pensamento quantitativo”.
Citoler (1996, cit. in Cruz, p. 209) afirma que “a discalculia é o termo que se refere às dificuldades de aprendizagem específicas na matemática, sem que estejam presentes outros problemas e que surgem como disfunções do sistema nervoso central.”
Kosc (1994 cit. in Deaño 1998, p. 182, 183) elaborou uma classificação com seis tipos de discalculia, sugerindo que estes podem ocorrer isoladamente ou em combinação. Os tipos propostos são:
·         Discalculia verbal – dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações matemáticas;
·         Discalculia pratognósica – dificuldade na enumeração, comparação e manipulação de objetos matemáticos reais ou imaginários;
·         Discalculia léxica – dificuldades em ler símbolos matemáticos;
·         Discalculia gráfica – dificuldades em escrever símbolos matemáticos, a criança não é capaz de copiar números ou escrever números ditados;
·         Discalculia ideognósica – dificuldades na compreensão de conceitos matemáticos, bem como fazer cálculos mentais;
·         Discalculia operacional – dificuldades na realização de operações matemáticas.

De seguida, apresentamos um quadro exemplificativo das aptidões esperadas e as dificuldades causadas pela discalculia, de acordo com a respetiva faixa etária:

Faixa etária
Aptidões esperadas

Dificuldades

dos 3 aos 6 anos
ü  Ter compreensão dos conceitos igual e diferente, curto e longo, grande e pequeno, menos que e mais que;
ü  Classificar objetos pelo tamanho, cor e forma;
ü  Reconhecer os números de 0 a 9 e contar até 10;
ü  Nomear formas; e
ü  Reproduzir formas e figuras.
ü  Problemas em nomear quantidades matemáticas, números, termos e símbolos;
ü  Insucesso ao enumerar, comparar, manipular objetos reais ou em imagens.
dos 6 aos 12 anos
ü  Agrupar objetos de 10 em 10;
ü  Ler e escrever de 0 a 99;
ü  Nomear o valor do dinheiro;
ü  Dizer as horas;
ü  Realizar operações matemáticas como a soma e a subtração;
ü  Começar a usar mapas;
ü  Compreender metades, quartas partes e números ordinais.
ü  Leitura e escrita incorreta dos símbolos matemáticos.
dos 12 aos 16 anos
ü  Capacidade para usar números na via quotidiana;
ü  Uso de calculadoras;
ü  Leitura de quadros, gráficos e mapas;
ü  Entendimento do conceito de probabilidade;
ü  Desenvolvimento de problemas.

ü Falta de compreensão dos conceitos matemáticos;
ü Dificuldade na execução mental e concreta de cálculos numéricos.

Fonte: http://crescer.globo.com/edic/ed77/rep_discalculia.htm
Devemos estar conscientes que, no tratamento de dificuldades de aprendizagem, nomeadamente a discalculia, estas não deverão ser vistas como problemas insolúveis mas, antes disso, como desafios que fazem parte do próprio processo de aprendizagem (Bonalds, 1998).

Referências bibliográficas

BONALDS, J. (1998). Aprendizage de la Escritura, Madrid: Publicaciones ICE.


CITOLER, S. D. (1996). Las dificultades de Aprendizage: Un Enfoque Cognitivo – Lectura, Escritura, Matemática, Málaga: Ediciones Aljibe, pp. 181-212.

CRUZ, V. (1999). Dificuldades de Aprendizagem, Fundamentos, Porto: Porto Editora, pp. 194-215.

DEAÑO, M. (1998). El fracaso en le aprendizage escolar II. “Dificuldades específicas de tipo neurológico”, Málaga: Aljibe, pp. 159-258.

FONSECA, V. (1984). Uma Introdução às dificuldades de Aprendizagem, Lisboa: Editorial Notícias.

JOHNSON, D. J. & MYKLEBUST, H. R. (1991). Distúrbios de Aprendizagem – Princípios e Práticas Educacionais. São Paulo: Livraria Pioneira Editora.

 http://crescer.globo.com/edic/ed77/rep_discalculia.htm


Sónia Pinho

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