quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Autoridade e Autoritarismo – Equilíbrio e Bom Senso


 A importância de estabelecer regras em crianças pequenas 

  Nas primeiras décadas do século XX, educar parecia algo muito simples. Um “não” era um “não”, porque a autoridade paterna dizia e ponto final. Gerações massacradas pelo autoritarismo exagerado, quando assumiram o lugar de pais, caíram no extremo oposto, tornaram-se permissivas, ajudadas pela chegada dos novos conceitos introduzidos pela psicologia, na década de 70. As consequências disso, todos nós sabemos… mães desesperadas, pois logo muito cedo os bebés impõem a sua “majestade” de tal forma que perturbam o sono da família, as suas rotinas, os seus interesses, mais tarde, mandam naquilo que comem, no que vestem, mandam na hora de ir para a cama, mandam, mandam, mandam… 
O exercício da autoridade deixou abruptamente de seguir uma direção vertical, onde os pais exerciam a sua autoridade de cima para baixo e tem seguido ao longo dos tempos uma direção horizontal, ou seja, igualdade entre pais e filhos e temo que, em muitas situações, assistamos a uma completa inversão, autoridade de baixo para cima, ou seja, jovens adolescentes com mais direitos do que deveres, mais liberdade do que responsabilidade, mais tirânicos! Esta perda que ocorreu no berço das famílias, rapidamente se repercutiu no ambiente escolar. Os professores, de certa forma, perderam parte da sua autoridade, quanto á sua função de educar e ensinar. 

As crianças precisam de pais e de professores que não confundam autoridade com autoritarismo e possam exercer suas funções com segurança e sem culpa.
No papel de educadores, tanto os professores como os pais, não se podem ausentar da tarefa de introduzir
os limites necessários para que as crianças se possam desenvolver e de se situar no mundo de forma adequada e ajustada. 
Essa tarefa, por outro lado, inicia-se desde o nascimento. A importância do “não” e do estabelecimento das regras, é fator organizador na estruturação subjetiva do ser humano. Conhecer a noção de limite e de realidade, tão importantes para o desenvolvimento humano, como diria Freud, “significa a aprendizagem sobre a diferença entre fantasia e realidade, a passagem do princípio do prazer para o princípio da realidade.” 
Com um ano de idade, aproximadamente, a criança precisa aprender a ouvir a palavra “não” e o os pais de pronunciá-la. Existe, especialmente por volta dos 3 anos de idade, uma fase do desenvolvimento infantil, onde a criança está mais ativa quanto a seus modos de expressão, a tão popular “fase do não”. Nesse momento a criança pronuncia quase compulsivamente essa palavra, testando sua força diante da autoridade do adulto, pai ou mãe. Ceder aos caprichos das crianças, deixá-los fazer tudo o que querem, é prestar-lhes um mau serviço para o resto das suas vidas. Na vida adulta, frequentemente há que esperar, enfrentar frustrações, desilusões, deixar para amanhã o que quereríamos fazer hoje. Saber esperar e renunciar, é uma condição de equilíbrio, uma condição de felicidade.

Para finalizar, não podemos esquecer que a educação pede equilíbrio e bom senso. Augusto Cury diz: 

“Se insistirmos em manter nossa autoridade a qualquer custo, estaremos cometendo um pecado capital na educação dos nossos filhos. Nosso autoritarismo controlará a inteligência deles.” 

Quando se exagera em proibições desnecessárias, o risco é o de formar uma pessoa cheia de medos, com pouca espontaneidade ou criatividade, ou, no extremo oposto, um rebelde com dificuldades de se inserir na sociedade. Por isso, a criança precisa aprender que. embora haja um “não”, muitos “sins” podem ser dados”.

Cristina Barracas

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